sexta-feira, 15 de março de 2013

Pilates: Para crianças e adolescentes com deficiência física

Transtornos neurológicos causam limitações no desempenho das atividades funcionais do indivíduo. Geram alteração de tônus muscular, encurtamentos e fraquezas musculares, assimetrias, fixações musculares e articulares, incoordenação motora, déficit de equilíbrio e perceptual. Frequentemente são acompanhadas por alterações sensoriais, cognitivas, comportamentais e/ou emocionais. 


O impacto das alterações apresentadas devido às lesões no Sistema Nervoso Central são relatados na literatura e observados na prática clínica em crianças e adolescentes. Atraso nas aquisições do desenvolvimento motor normal; pobre iniciativa para o deslocamento; dificuldade em adquirir respostas de equilíbrio, retificação e endireitamento de tronco e cabeça; necessidade de auxilio para alcançar o ortostatismo e marcha. 



A partir da proposta inicial do Pilates, com a importância dos princípios básicos para execução dos exercícios de forma segura e eficaz, vimos os benefícios sendo aplicados aos pacientes neurológicos. 



Com o objetivo de aprimorar o trabalho já realizado, diversificar as formas de abordagem, o Pilates foi introduzido para proporcionar aos pacientes melhora da postura e alinhamento corporal, aumento da consciência corporal, alívio de tensões e dores, melhora do alongamento e mobilidade, desenvolvimento do equilíbrio e coordenação motora, fortalecimento e estabilização dos músculos de tronco, adequação do tônus muscular e resistência. 



Na AACD (Associação de Assistência a Criança Deficiente), as terapias com método Pilates são realizadas com crianças a partir de 6 anos de idade, com diagnóstico de Paralisia Cerebral, Malformações Congênitas, Lesões Encefálicas Adquiridas, Doenças Neuromusculares e Amputações. São atendidas em terapia individual ou em grupo, sendo este com 2 crianças e 2 terapeutas. (FOTO 1 e 2) 


G, 14 anos, Osteogênese Imperfeita


Os critérios para inclusão no protocolo são crianças e adolescentes com impacto funcional classificados de acordo com os níveis I, II e III do GMFCS (Gross Motor Function Classification System) em casos de Paralisia Cerebral ou em indivíduos que apresentem marcha comunitária em outras patologias citadas. Deve ser considerado o aspecto cognitivo e comportamental para entendimento e execução dos exercícios. Podem estar inseridos no processo de reabilitação da instituição ou já terem recebido alta. 



Durante o atendimento os exercícios são selecionados de acordo com o objetivo funcional de cada paciente e adaptados com a aptidão motora. Podem ser utilizadas talas de lona, faixas elásticas, bastões, cunhas, meia lua, para facilitar ou desafiar a execução. (FOTO 3 e 4). 


A., 23 anos, Paralisia Cerebral Hemidistonia Direita. Pratica Pilates há 1 ano na Instituição


Com o trabalho proposto, vimos que os pacientes alcançaram não só ganhos motores e perceptuais, mas uma melhora significativa no desempenho da marcha, com aumento da velocidade, tamanho do passo, resistência para longas distâncias, agilidade e precisão. Os pais ou cuidadores relatam maior fluidez nas atividades diárias, no brincar e na escola, associados à melhora da concentração, disciplina, controle motor, respiração, controle da fala e voz, auto-estima e autoconfiança. 



Vale ressaltar que os resultados em relação ao ganho de força muscular global, flexibilidade, simetria, coordenação motora, equilíbrio e diminuição das queixas álgicas foram comprovados pela aplicação de testes iniciais e periódicos a cada 3 meses, ate o final do protocolo de 1 ano. 



A partir dos atendimentos, pesquisas foram realizadas, porém são escassos os trabalhos publicados na literatura. 



A equipe de profissionais capacitados no método Pilates está em crescimento na Instituição. A melhora na qualidade de vida e satisfação apresentada ao término do período proposto faz com que estudos e novos trabalhos sejam realizados para comprovar a eficiência do método. 




Referencias Bibliográficas 



1. Silva ACLG, Mannrich G. Pilates na Reabilitação: uma revisão sistemática. Fisioter. Mov 2009; 22 (3): 449-55. 



2. Cury VCR, Brandão MB. Reabilitação em Paralisia Cerebral. Rio de Janeiro, Medbook, 2011. 



3. GMFCS – Sistema de Classificação Motora Grossa -http://motorgrowth.canchild.ca/en/GMFCS/resources/PORTUGUESE_corrigido-FINALMay12.pdf.


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